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11º Circuito Penedo discute cinema, educação e opressão sob a perspectiva freireana

As professoras Yanara Galvão e Edna Lopes discutiram o potencial educativo e político do cinema no Brasil

Na tarde desta quarta-feira (24), o 11º Circuito Penedo de Cinema reuniu a pesquisadora Yanara Galvão e a professora Edna Lopes para a mesa “Cinema, educação e os oprimidos: Paulo Freire e o cinema nacional”. Durante a conversa, as convidadas discutiram a utilização das produções audiovisuais como ferramenta educativa e política. Neste ano, o evento celebra o centenário de Freire, abordando o cinema e a educação como instrumentos para a liberdade.

Segundo Yanara Galvão, como há a predominância da cultura visual na contemporaneidade, surge uma responsabilidade cidadã em relação ao cinema. “Precisamos pensar o cinema enquanto arte chegando a todos os espaços de educação, seja ela formal ou não”, declarou. “O cinema é uma arma de poder, então, é preciso estimular uma população ativa no fazer cinematográfico”, ressaltou Yanara Galvão, que exibiu dois curtas-metragens durante a mesa cuja temática da opressão se fazia presente.

Para ela, discutir sobre a opressão e os oprimidos é oportuno neste momento político, em que, inclusive, como bem lembrou a pesquisadora, o patrono da educação brasileira tem sido tão perseguido e difamado. “Vivemos um estado de exceção no país. Nesse sentido, por estimular a formação crítica, Paulo Freire nunca foi tão urgente quanto em seu centenário”, comentou. 

Edna Lopes, integrante do Movimento Alagoano Paulo Freire, usou um exemplo pessoal para relacionar os princípios freireanos com o potencial transformador que o cinema reserva. “Aos 11 anos, lembro de ser impactada ao assistir ‘Vidas Secas’, vendo a opressão, a violência, a injustiça, a prisão. Foi quando tomei consciência a respeito desses temas centrais na nossa sociedade.” 

Para a professora, as provocações que o cinema é capaz de produzir dialogam com os requisitos para a educação libertária proposta por Freire. “Porém”, esclareceu, “isso não significa que só devamos ver filmes com objetivos didáticos”. Pelo contrário, Edna Lopes disse acreditar no contato com linguagens diversas, que, segundo ela, provocam reflexão e análise. “O cinema faz parte da formação política ao mesmo tempo em que constrói subjetividades”, afirmou.

Confira o debate na íntegra aqui.